terça-feira, 11 de setembro de 2007


A diversão e a night

Hoje, cada vez mais, os pais ficam com os cabelos arrepiados quando ouvem a seguinte exigência do filho adolescente: "hoje à noite vou sair e não sei a que hora vou voltar." Esta realidade, que, nos últimos anos, tem aumentado imensamente, tanto na sua freqüência quanto na sua duração, esconde uma série de fatores que nem sempre são nocivos.
A "night" - como é chamada hoje vulgarmente por eles - tem todo o encanto de experimentar pela primeira vez uma sensação de liberdade, de independência, de prazer que, naturalmente, é essencial em todo o processo dinâmico da passagem da fase denominada adolescência para a adulta. A noite, sem tempo nem espaço, onde "todos os gatos são pardos", tem um poder sedutor imenso para todo jovem que anda em busca de sua identidade, do seu primeiro romance e das primeiras amizades mais profundas e duradouras.
Por outro lado, os pais e educadores não podem ser ingênuos e pensar que não devem interferir nessa fase da vida de seus filhos. Argumentos como "o importante é deixá-los experimentar e gozar um pouco a vida a que têm direito" são falaciosos. Quantos pais hoje se arrependem de não terem sido mais firmes no momento de "negociar" as saídas.
É preciso ter consciência de que o jovem, nessa idade, vai se sentindo cada vez mais inseguro e indefeso para filtrar mensagens que recebe todos os dias pelos veículos de comunicação e pelos amigos. Essas dissonâncias afetivas, que se sentem e batem em todos os corações jovens, levam-nos a buscar alguma forma de compensá-las. O "deixar-se levar" pelo que a maioria faz para se sentir aceito, estimado e amado é normalmente a solução da maioria. O grande "protagonista" no processo decisório não é o que sua cabeça, seus valores - até então inquestionáveis - lhe reclamam, mas um sentimento cego e, muitas vezes, terrorista.
É nessa hora que a presença "virtual" do conselho amigo dos pais é decisivo. Quando a comunicação entre pais e filhos é uma realidade cotidiana, em que existe tempo para se dedicarem afetuosamente uns aos outros, os riscos são sensivelmente diminuídos. Entretanto, quando o descontrole e a passividade reinam na vida familiar, os desgostos futuros serão uma decorrência inevitável. É fundamental "negociar" as saídas com os filhos. Aonde vão, a que hora chegarão, com quem vão, como vão - mesmo que isto possa parecer careta e antipopular. Uma indicação precisa, uma dica de prudência, um sopro ao ouvido, feito com carinho e confiança, têm uma enorme força determinante.
Muitos pais afirmam que se sentem distantes dos filhos e sem autoridade. A confiança e a autoridade - dois pré-requisitos essenciais na educação - não são características inatas e naturais nestas idades. É preciso conquistá-las com o exemplo e o diálogo.
Quantas vezes a indiscutida autoridade paterna - onipresente e perfeita - é esfumaçada quando os pais também chegam da "night" a altas horas e cheirando a bebida. Ou ainda, quando o que dizem ou mandam é incoerente com o que vivem.
Outras vezes, a dificuldade em ganhar a confiança dos filhos é uma decorrência de atitudes déspotas e inflexíveis, como se eles fossem "bibelôs". É muitíssimo eficaz deixar-lhes opinar quando nos consultam seus projetos e nós os consideramos imprudentes. É altamente produtivo pedir-lhes conselho em decisões pessoais e familiares. E, ainda, é decisivo, em inúmeras vezes, um bom passeio no domingo à tarde ou a ida estafante para o estádio de futebol.
Divertir-se e tornar-se independente é muito importante,mas existem muitas outras formas interessantes de diversão que para conhecer.

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